Busca de crédito por grandes empresas sobe 23,5% em janeiro

As grandes empresas aumentaram a busca por crédito em 2023. Dados da Serasa Experian mostram que a demanda foi 23,5% maior em janeiro ante o mesmo mês do ano anterior.

De acordo com especialistas ouvidos pelo Poder Empreendedor, a elevação se relaciona à alta da Selic, a taxa básica de juros no país. Com o índice em 13,75%, as companhias de grande porte querem fazer a chamada rolagem de dívidas, ou seja, trocar uma dívida de curto prazo por outra mais longa.

“A taxa de juros não deve reduzir de uma forma bruta no curto prazo. Deve reduzir, porém, em um cenário de médio prazo”, avaliou Lucas Alves, chefe de mercado de débitos na AVIN Capital. “Esse Panorama reflete muito no dia a dia das empresas”, complementou.

O aumento da Selic é estratégia básica do BC (Banco Central) para controlar a alta na inflação. No caso das corporações, os juros são ainda maiores que o indicado pela taxa. Os números podem chegar até 22,2% anuais em janeiro de 2023, segundo a entidade monetária.

Entretanto, os bancos estão relutantes em abrir a carteira para as empresas, pelo menos a curto prazo. Dados do BC mostram que o saldo de crédito por instituições financeiras diminuiu pela 1ª vez em 2 anos também em janeiro de 2023.

A retração dos bancos também se relaciona aos juros elevados. Eles temem que as corporações tenham mais dificuldades em pagar as dívidas com as taxas altas.

Segundo Lucas, o pedido de recuperação judicial da Americanas trouxe mais inseguranças sobre a credibilidade das empresas. Para ele, o rombo de R$ 43 bilhões apresentado pela varejista envolve muitas instituições financeiras e criam uma “preocupação para redução de risco e redução de limites aprovados”.

Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian, tem uma opinião parecida. “Não é que o crédito vai parar de fluir. Mas ele vai fluir com um custo mais alto e talvez em um volume menor”, disse.

Ao fim, infere-se que os juros altos criaram uma maior demanda de crédito a longo prazo pelas empresas, ao mesmo tempo, a oferta dos bancos diminui.

Como consequência, a credibilidade das empresas caiu. Em um relatório da Fitch Ratings, 9 companhias brasileiras tiveram a nota de risco de crédito rebaixada. O índice mede quão “qualificadas” as marcas estão para pagar seus credores, investidores e –no caso das varejistas– fornecedores. Sem acesso a empréstimos, devem perder fôlego quando precisarem realizar esses pagamentos.

As corporações que tiveram as notas rebaixadas têm características amplas, vão desde varejistas até companhias aéreas. Eis a lista: Light, Oi, Azul, Dasa, Americanas, Athena, Celg D, Atento e Gol.

Outra consequência indicada por Lucas com esse cenário foi o menor investimento em grandes projetos. Com a retenção na captação de capital via crédito, as empresas têm menor poder de gastar com atividades que trariam uma possível expansão no futuro.

Luiz Rabi concorda com esse ponto de vista. “É o momento de cortar despesa, custo, apertar o cinto e demandar menos crédito. A não ser aquele crédito para rolar dívidas”, disse.

PEQUENOS NEGÓCIOS 

As empresas de todos os portes, em média, tiveram uma diminuição de 3,8% na busca por crédito. O número foi puxado especialmente pelos pequenos negócios, que também apresentaram queda na demanda e são maioria no país.

A diferença com as grandes e médias companhias se dá porque as micro e pequenas precisam de crédito a curto prazo. Enquanto as empresas maiores trabalham com acumulado de dívidas antigas, a dos pequenos negócios são mais pontuais e precisam ser pagas com um tempo menor.

Com os juros altos, a busca por caixa diminuiu e a rolagem não é uma opção viável para o pequeno empresário. Lucas também analisa que a menor oferta dos bancos também pode ter diminuído a vontade dos pequenos empresários de ter aprovação de empréstimos.

Luiz Rabi destaca que as incertezas econômicas do mercado atual também são relevantes para as pequenas companhias, especialmente no setor de serviços. “Quando você tem um esfriamento da atividade econômica, você não precisa formatar tantos estoques, […] não precisa comprar tanta mercadoria porque às vezes as vendas estão caindo”.

NOS ESTADOS 

Ao observar como se deu a demanda por crédito nos Estados, observa-se que o Rio de Janeiro foi aquele com maior queda (-22%). A maior elevação foi em Mato Grosso (16%).

As quedas são registradas em Estados que concentram centros urbanos, na análise de Rabi. Lá, estão concentrados pequenos negócios. Os picos são em unidades da Federação com presença de empresas maiores, como os do Centro-Oeste, que tem alta participação no agronegócio.

O levantamento utiliza como base informações de mais de 1,2 milhão de CNPJs (Cadastros Nacionais de Pessoas Jurídicas) consultados mensalmente na base de dados da Serasa Experian. Os números foram enviados com exclusividade ao Poder360. Eis a íntegra (152 KB).

Ao fim, os números mostram um cenário de incertezas para a economia brasileira. A inflação em alta traz prejuízos naturais ao mercado. Os juros para controlá-la também desaceleram o fluxo de caixa das grandes companhias. Sem acesso ao dinheiro, as marcas devem perder fôlego ao precisarem pagar seus credores e investidores.

FONTE: https://www.poder360.com.br/poder-empreendedor/busca-de-credito-por-grandes-empresas-sobe-235-em-janeiro/

Confiança dos pequenos negócios volta a crescer em fevereiro, revela pesquisa

Após cinco meses de queda, a confiança dos negócios de pequeno porte na economia voltou a crescer em fevereiro, revelou pesquisa divulgada nesta quinta-feira (9) pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Todos os setores pesquisados – indústria, comércio e serviços – registraram melhoria nas expectativas.

Segundo a Sondagem das Micro e Pequenas Empresas, o índice geral de confiança das empresas pesquisadas ficou em 88,4 pontos, com avanço de 3,8 pontos em relação a janeiro, quando estava em 84,6 pontos. Indicadores acima de 100 pontos mostram confiança e, abaixo desse nível, sinalizam pessimismo.

O principal fator que contribuiu para a melhoria nas expectativas foi o desempenho da indústria de transformação. O indicador para o setor fechou em 94 pontos, com alta de 4 pontos. Os segmentos de alimentos e vestuários apresentaram alta.

Em contrapartida, a confiança caiu nos segmentos refino e produtos químicos, e metalurgia e produtos de metal.

No comércio, o índice de confiança das micro e pequenas empresas cresceu de 81,8 pontos para 86,3 pontos. O indicador para o comércio está no maior nível desde novembro do ano passado.

Segundo Sebrae e a FGV, todos os segmentos do comércio melhoraram neste mês, com destaque para veículos, motos e peças (lojas de autopeças e pequenas revendedoras).

Em relação aos serviços, o índice de confiança subiu 1,2 ponto, para 86 pontos, interrompendo uma sequência de cinco meses de queda. Dos cinco segmentos pesquisados, quatro acompanharam a alta do setor, com destaque para serviços de informação e comunicação.

O único ramo dos serviços que foi na contramão foram os transportes, cuja confiança recuou pela sexta vez seguida, com queda de 7,4 pontos.

FONTE: https://www.cnnbrasil.com.br/business/confianca-dos-pequenos-negocios-volta-a-crescer-em-fevereiro-revela-pesquisa/

 

Confiança da indústria está no pior nível desde o auge da pandemia

A confiança da indústria está no pior nível desde julho de 2020, auge da pandemia, conforme constatou a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta sexta-feira (10).

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) registrou 49,9 pontos em março e migrou para a zona de falta de confiança. O resultado é 0,7 ponto menor do que o registrado no mês anterior, quando o ICEI apresentou uma leve recuperação e interrompeu uma série de baixas do índice.

A queda atual é explicada pela piora da avaliação das condições atuais da economia brasileira e das empresas.

A pesquisa varia de 0 a 100, com uma linha divisória de 50 pontos. Os valores abaixo desse corte indicam desconfiança. Foram entrevistadas 1.396 empresas, sendo 559 de pequeno porte, 510 de médio porte e 327 de grande porte entre 1º e 7 de março de 2023.

O gerente de Análise Econômica, Marcelo Azevedo, explica que o índice está abaixo, mas bem próximo de 50 pontos. Desta forma, a falta de confiança não está intensa nem disseminada. No entanto, entre os componentes do ICEI, o Índice de Condições Atuais recuou 1,7 ponto para 44,2 pontos entre fevereiro e março.

“Em relação às condições atuais, há uma percepção de piora mais forte e disseminada da indústria sobre a economia brasileira e as empresas. A avaliação dos empresários sobre as condições atuais é a mais negativa desde julho de 2020. Naquele mês, o índice registrou 34,5 pontos, pois a confiança do empresário seguia abalada pela crise causada pela pandemia de covid-19”, explica Marcelo Azevedo.

O Índice de Expectativas ficou praticamente estável com uma variação de -0,2 ponto para 52,7 pontos. É importante notar que esse otimismo dos empresários se manifesta somente com relação às suas próprias empresas (56,1 pontos), enquanto em relação à economia brasileira há pessimismo (46,0 pontos).

FONTE: https://diariodopoder.com.br/brasil-e-regioes/ttc-brasil/cni-confianca-da-industria-esta-no-pior-nivel-desde-o-auge-da-pandemia