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FMI prevê crescimento de 2,1% na economia brasileira em 2023

O Fundo Monetário Internacional (FMI) fez uma previsão de que a economia do Brasil deve crescer 2,1% neste ano e 1,2% em 2024. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (31) no relatório regular de supervisão da economia brasileira (2023 Article IV Consultation).

Chamando a proposta do governo brasileiro de “ambiciosa agenda de crescimento inclusivo e sustentável”, a organização internacional prevê um crescimento em torno de 2% no médio prazo.

Embora haja um indicativo positivo, o Ministério da Fazenda considera os números abaixo da media das estimativas de mercado e vê como conservadora a previsão do FMI.

Para atingir a proposta do governo, a organização destaca que o Brasil precisará enfrentar desafios econômicos de curto e longo prazos. O crescimento potencial relativamente baixo, a inflação, o endividamento das famílias, a falta de espaço fiscal para gastos prioritários e até mesmo os riscos em decorrência das mudanças climáticas foram alguns dos impasses apontados no relatório.

Já como elementos positivos para a economia brasileira, foram mencionados políticas como a reforma tributária, o novo arcabouço fiscal, o fortalecimento de mecanismos de resolução de disputas tributárias e o Programa Desenrola do governo federal.

FONTE: https://cultura.uol.com.br/noticias/60409_fmi-preve-que-a-economia-do-brasil-deve-crescer-21-em-2023.html

Setor de serviços recua 3,1% em janeiro após pico da série, mostra IBGE

O volume de serviços prestados no país caiu 3,1% em janeiro, na série com ajuste sazonal, depois de ter alcançado em dezembro o ponto mais alto da série histórica, iniciada em 2011. O resultado do mês anterior foi revisto de 3,1% para 2,9%. Os dados são da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), divulgada nesta sexta-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar de estar 10,3% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020), o setor começa o ano com tom negativo, em um cenário de desafios, marcado pelo aumento dos juros e pela perda de força da economia global.

Na comparação com janeiro de 2022, no entanto, houve expansão de 6,1% (na série sem ajuste sazonal), a 23ª taxa positiva consecutiva. O acumulado em doze meses, que tem como base de comparação o mesmo período do ano anterior, passou de 8,3%, em dezembro de 2022, para 8,0% em janeiro de 2023, o menor resultado desde setembro de 2021 (6,8%).

Em 2022, o volume de serviços prestados no Brasil cresceu 8,3% e fechou o ano no maior nível anual da série histórica.

O índice de janeiro de 2023 ficou abaixo da mediana (-1,4%) das estimativas de alguns analistas, que previam desde uma queda de 4,7% a uma alta de 0,7%. Mas, de acordo com a previsão do IBGE, haveria elevação entre 4,3% e 10,3%, com mediana positiva de 7,5%.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, disse que o resultado ficou abaixo da projeção feita pelos especialistas da instituição, de alta de 0,2%, o que anula a forte alta de 2,9% registrada em dezembro.

“O resultado de janeiro corrobora nossa visão de que a resiliência demonstrada por serviços ao longo de 2022 vai começar a diminuir daqui para a frente. O setor, um dos mais prejudicados na pandemia, vinha se beneficiando da reabertura da economia e consequente retomada de atividades que voltaram com força, caso das viagens, shows e passeios. Mas o efeito positivo da reabertura já se dissipou e agora o setor deve começar a sentir mais fortemente os efeitos dos juros altos”, explicou a economista.

Ela afirmou que o mercado de trabalho aquecido e o aumento da massa salarial são fatores que ajudam a amortizar a perda de fôlego do setor, pois incentivam o consumo de serviços. Como exemplo, cita o segmento de serviços prestados às famílias, que cresceu 1% em janeiro na comparação com dezembro.

“O dado de hoje não altera nossa previsão de crescimento do PIB de 1,5% em 2023. Para 2024, a projeção é que o PIB tenha um aumento de 1%”, afirmou Cláudia.

O setor de serviços vem de dois anos seguidos de resultados positivos alimentados pela reabertura da economia após a pandemia de Covid-19, mas neste ano não deve ganhar muito mais força, uma vez que, assim como o restante da economia, passa a sentir com mais força os efeitos defasados da elevação nos juros no país, além da desaceleração da economia global.

A receita bruta nominal do setor de serviços subiu 0,1% em janeiro ante dezembro. Na comparação com janeiro de 2022, houve avanço de 12,9% na receita nominal.

De acordo com o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, a queda de janeiro elimina o ganho acumulado de 3,0% nos dois últimos meses de 2022. Ele ressalta, entretanto, que a base de comparação está em um patamar elevado.

“O setor de serviços continua muito próximo do seu ponto mais alto da série, alcançado no mês passado, o que o coloca em um patamar 10,3% acima do nível pré-pandemia”, disse ele.

Maiores influências

De acordo com o IBGE, o desempenho do setor de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios, com queda de 3,7% no volume de serviços, exerceu a maior influência negativa no resultado do mês.

“A queda do setor é explicada pela parte de armazenagem, que recuou 9,0%, com destaque negativo para gestão de portos e terminais, assim como o transporte aéreo de passageiros, que recuou 5,9% no mês”, explicou Lobo.

O índice de atividades turísticas, por sua vez, avançou 0,5% frente ao mês imediatamente anterior, acumulando o segundo resultado positivo seguido, com ganho de 5,3%.

O segmento de turismo está 2,5% acima do patamar de fevereiro de 2020 e 4,6% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014, informou o IBGE.

O instituto explicou que essa foi a primeira divulgação da nova série da pesquisa, que passou por atualizações na seleção da amostra das empresas, ajustes nos pesos dos produtos e das atividades, além de alterações metodológicas, para retratar de maneira mais fiel e precisa as  mudanças econômicas na sociedade.

FONTE: https://noticias.r7.com/economia/setor-de-servicos-recua-31-em-janeiro-apos-pico-da-serie-mostra-ibge-14042023

MEIs crescem em meio à pandemia.

O Brasil deve registrar, em 2020, o maior nível de empreendedorismo de sua história. Impulsionados pela crise gerada pela pandemia do coronavírus, os brasileiros estão buscando na atividade empreendedora uma alternativa de renda. Com isso, uma estimativa feita pelo Sebrae (em sua pesquisa Global Entrepreneurship Monitor – GEM) aponta que aproximadamente 25% da população adulta estará envolvida, até o fim do ano, na abertura de um novo negócio ou com uma empresa com até 3,5 anos de atividade.

Os dados do Ministério da Economia confirmam essa tendência. Somente no primeiro semestre de 2020, o número de microempreendedores individuais (MEI) no País cresceu 10,2%, na comparação com o mesmo período do ano passado, chegando a 10,3 milhões de registros. Foram 892.988 novas formalizações nos seis primeiros meses do ano, um recorde histórico semestral, segundo dados do Portal do Empreendedor, do governo federal.

O Brasil tem atualmente mais de 17 milhões de pequenos negócios (7 milhões de micro e pequenas empresas e 10,9 milhões de MEI). Juntos, eles representam 99% de todas as empresas do país e são responsáveis por cerca 30% do PIB.

Dados do Ministério da Economia apontam que as empresas optantes do Simples Nacional geram mais da metade dos empregos formais (cerca de 55% do estoque de empregos formais) e participam de 44% da massa salarial. Um dado muito positivo, segundo o Sebrae, é que os pequenos negócios estão implementando inovação para enfrentar o contexto da crise imposto pela pandemia.

Segundo levantamento feito pelo Sebrae na última semana de agosto, as vendas online continuam em alta entre as micro e pequenas empresas que têm utilizado canais digitais, como as redes sociais, aplicativos ou internet como plataformas para comercialização de produtos e serviços.

Enquanto no levantamento feito no final de maio, 59% das empresas utilizavam esses canais, atualmente esse percentual já chega a 67%. Entre os empresários ouvidos, 16% passaram a vender por meio de ferramentas digitais a partir da chegada do coronavírus ao País.

A mesma série de pesquisas iniciada em março, mostrou que os pequenos negócios que estão com as dívidas em dia têm algumas características em comum: são aqueles que mais utilizavam vendas pelas redes sociais antes da pandemia (53%) e já usavam ferramentas digitais de gestão do negócio.

Ainda de acordo com as pesquisas do Sebrae, na última semana de agosto, 12% das Micro e Pequenas Empresas haviam efetuado contratações nos últimos 30 dias. Na mesma medida, vem caindo ao longo dos últimos meses o percentual de MPE que demitiram funcionários. No levantamento feito na primeira semana de abril, 18% das MPE haviam demitido. Na última pesquisa (agosto), esse percentual caiu para 8%.

O presidente do Sebrae, Carlos Melles, destaca que “o empreendedor brasileiro está dando uma incrível prova de resiliência e da sua capacidade de se adaptar, de se reinventar” em meio a crise do novo coronavírus. Ele complementa que: “Toda crise representa um desafio, mas pode ser também uma oportunidade para o empreendedor criar soluções inovadoras, que contribuam com o desenvolvimento e a profissionalização. As principais lições que a crise deixa são: a importância do planejamento, da qualificação da gestão e do investimento em inovação”.

A formalização permite a emissão de notas fiscais, aluguel de máquinas de cartão e acesso a empréstimos (com juros mais baratos), a venda dos produtos ou serviços para o governo e, é claro, tributação simplificada e menor do que a de médias e grandes empresas. O empresário é enquadrado no Simples Nacional e fica isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL).

Busca por ‘abrir MEI’ teve aumento de 222% em busca na internet

Pesquisa realizada pela empresa de marketing digital SEMrush aponta que o termo “abrir MEI” teve um aumento de 222% nas buscas no Google no mês de agosto de 2020, comparado ao mesmo mês no ano anterior. O crescimento é espelho do fenômeno de formalização deflagrado pela pandemia do novo coronavírus no Brasil, tendo em vista que número de microempreendedores individuais cadastrados no Portal do Empreendedor teve alta de 11,5% ante ao mesmo período do ano passado, o que é equivale a cerca de 84 mil novatos no empreendedorismo.

O levantamento da SEMrush mostra que março, mês em que a pandemia do novo coronavírus teve início no Brasil, registrou 74 mil buscas do mesmo termo, enquanto em agosto deste ano o dado pulou para 110 mil. Outros termos que tiveram 100% de aumento nas buscas no Google, segundo levantamento da SEMrush foram CNPJ, MEI, DAS MEI, CNPJ Receita, MEI boleto, consulta CNPJ, portal do MEI, busca ou cartão CNPJ, simples nacional MEI e situação cadastro MEI.

O contador e um dos fundadores do Easymei, aplicativo de auxílio e gestão focado em microempreendedores, Alexandre de Carvalho, explica que a busca reflete a dificuldade do empreendedor em abrir facilmente sua empresa e gerir seu negócio. “Ainda há falta de informação e processos muito burocráticos para abertura da empresa. Com isso, o mercado conta hoje com aplicativos que facilitam o processo e ajudam na abertura via internet, com o objetivo de auxiliar o microempreendedor a formalizar seu negócio e aumentar sua renda”, destaca Carvalho.

A taxa de desemprego no País atingiu em agosto, segundo o IBGE, seu maior patamar desde maio, contabilizando 13,7 milhões de pessoas. O crescimento dos MEIs no Brasil é bastante impulsionado por números como esses. Só entre maio e julho, cerca de três milhões de pessoas ficaram sem trabalho. Por isso, os especialistas salientam que os estreantes no empreendedorismo devem buscar maneiras de compreender cada vez melhor seu negócio para que a saída encontrada não se torne uma armadilha.

O planejamento financeiro é a principal ferramenta de sucesso, diz Alberto Hamoui, do Hybank, uma fintech que disponibiliza uma conta de pagamento digital para microempreendedores. “É preciso ter uma organização, no que diz respeito às finanças, para que consigam ter o menor impacto quando futuras crises surgirem”, completa Hamoui.

A abertura do próprio negócio, ainda que pequeno, é uma alternativa real ao desemprego. “Hoje o MEI é uma das portas de entrada para a abertura do seu negócio no Brasil, por ser uma das formas mais simples e baratas. O empresário só terá a obrigação de pagar o imposto da guia DAS, mensalmente, no valor aproximado de R$ 55, fazer o relatório mensal e realizar a sua declaração anual”, explica o contador.

Pandemia ressalta a importância da formalização para a qualidade de vida

Além dos brasileiros que se viram sem uma fonte de renda e decidiram empreender, outros perfis de clientes procuraram a contadora Eliane Soares, sócia do escritório ERS Contabilidade e Assessoria Empresarial, desde março. Houve um número grande de empreendedores que já são MEI, mas tinham pendências com a Receita Federal, e também de pequenos empreendedores que precisavam formalizar o negócio para serem contemplados em alguma linha de financiamento aberta nesse período pelo governo federal.

Os MEIs contaram com aval do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe) e acesso ao crédito pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), além da liberação do FGTS. “Muita gente nos procurou em busca de assessoria para aproveitar essa facilidade e acessar alguma linha de financiamento – algo que antes era muito difícil de ser acessado dadas as exigências feitas pelos bancos”, comenta Eliane.

Um relato cada vez mais comum é também o de pessoas que tiveram de fechar os negócios durante meses e passaram a contar apenas com o auxílio emergencial para sustento da família. “Isso fez com que muitas pessoas pensassem no futuro e em como iriam levar a vida caso ficassem doentes. O MEI dá a segurança de que a contribuição ao INSS está sendo feita e que a pessoa terá direito ao auxílio-doença e à licença-maternidade”, exemplifica Eliane.

Dicas simples para quem é Microempreendedor Individual manter a saúde do negócio em dia

– Abrir contas-correntes distintas para as finanças pessoais e as da empresa. Isso ajuda a manter a organização e evitar dores de cabeça na hora de fazer a Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (DIRPF).

– Defina um salário mensal. Aqui vale lembrar que o pró-labore do MEI, que serve de base para o cálculo da contribuição mensal, é um salário-mínimo.

– Crie o hábito de fazer um controle financeiro. Faça uma tabela com o valor do produto ou serviço que você comercializa ou presta, anote a forma de pagamento, a data dos gastos e o valor da receita da sua empresa e quanto recebe de pagamentos (à vista ou parcelados).

– Tenha controle de tudo que for gasto com o negócio, como por exemplo, o transporte para atender um cliente ou a compra de mercadorias e equipamentos. Não misture gastos pessoais com os do seu negócio.

– Mantenha o pagamento da guia mensal sempre em dia. Se deixar acumular, não se assuste, entre no site do Portal do Empreendedor ou procure um contador e retome o pagamento das parcelas atrasadas e atuais.

– Busque a assessoria de um profissional contábil. Se não tiver como manter os honorários de uma contratação mensal, não deixe de procurar ajuda naqueles momentos críticos, como na hora de elaborar a declaração do Imposto de Renda ou a declaração anual do MEI.

Consultoria atende a microempreendedores ‘mais humildes’

“Meu trabalho é como o de uma clínica popular contábil”, descreve Silva Leandro, técnico em contabilidade especializado no atendimento ao microempreendedores individuais (MEIs) em analogia é à onda bastante recente de clínicas de saúde popular. Ele faz questão de lembrar que é graduado em Gestão Financeira e Administração, tem MBA em Controladoria e é pós-graduado em Direito Tributário e Docência do Ensino Superior, e que trabalhar com esse nicho de mercado que não para de crescer foi uma escolha.

“Moro em Viamão e a maioria das pessoas aqui não têm como sustentar ‘um honorário’ e, mesmo assim, por ser mais humilde, nunca deixa de pagar”, salienta. O serviço prestado por Silva Leandro não conta com um grande número de clientes fixos – com contrato mensal, por exemplo. Mas sua carteira de clientes passa de 400.

Normalmente são pessoas que querem formalizar o negócio mas não têm acesso à internet ou segurança para fazerem tudo sozinha. É também gente que já tem MEI e está com alguma dificuldade para emitir as guias de pagamento, para comprovar ao banco o rendimento mensal ou que está com pendência com a Receita. Elas vão em busca da assessoria de um profissional contábil e encontram um consultor capaz de ajudá-lo na solução de questões bem pontuais.

Seu foco desde 2009 são os microempreendedores individuais, “normalmente os mais humildes”, descreve o profissional. “O número de clientes só aumenta e ainda tem muitos profissionais contábeis que não veem o potencial. Antigamente, quando eu comecei, nem os bancos queriam abrir conta ou fazer um financiamento para os MEIs. Hoje, eles tratam os MEIs como deuses”, comenta.

A pandemia, diz Leandro, revelou para muita gente desigualdades que ele mesmo já percebia. “Muitas famílias não têm acesso à internet, contam com apenas um celular para dar conta de tudo, não têm familiaridade com sistemas como o Portal do Empreendedor, não sabem emitir uma nota”, diz, ressaltando que o papel social do profissional contábil deve ser atender também a essas pessoas.

Mesmo assim, o empresário contábil não fica apenas esperando os clientes irem ao seu encontro. Com sua experiência ele também vai atrás dos empreendedores para apresentar soluções, como no caso daqueles negócios que enfrentavam dificuldades. “Eu mostrei para os empresários que uma solução podia ser fechar o negócio, indenizar corretamente os empregados e se formalizar como MEI”, explica.

Para o especialista, o mais importante é que as pessoas acessem à modalidade do microempreendedor individual e estejam formalizadas para a garantia da sua sobrevivência. “E para isso procurem um profissional contábil. Só nós podemos comprovar sua movimentação financeira na hora de buscar um financiamento, colaborar com a organização da sua conta pessoa jurídica e apresentar soluções ao negócio”, pontua.

FONTE: https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/cadernos/jc_contabilidade/2020/10/760441-meis-crescem-em-meio-a-pandemia.html

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Crédito para pequenas empresas alcança maior patamar em dois anos.

O saldo de crédito para Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) somou R$ 538,7 bilhões em julho, o maior patamar em dois anos. Apesar do crescente foco no segmento, o maior risco e a lenta recuperação ainda limitam o recuo de juros na ponta.

A carteira representa um aumento de 9,1% em relação ao mesmo mês do ano passado (R$ 493,8 bilhões) e é o maior valor registrado desde julho de 2017, quando totalizava R$ 541,8 bilhões. O saldo para as grandes companhias, por sua vez, apontou uma queda de 7,2% em julho deste ano contra igual período de 2018, de R$ 928,8 bilhões para R$ 862,3 bilhões.

“Temos um ambiente com algum sinal de recuperação e o segmento de PMEs tem muito potencial. Os bancos já estão dispostos a assumir um pouco mais de risco, mas isso também deve acabar refletindo um pouco nas taxas de juros”, explicou o economista do Serviços Central de Proteção ao Crédito (SCPC Boa Vista), Vitor Meira França.

“É importante destacar, porém, que esse é um segmento que cresce pelo atual cenário do mercado de trabalho no País. Focar em MPE é uma fórmula boa para os bancos porque são os que mais estão demandando recursos. Mas é um novo perfil e não devemos ver redução de juros na ponta tão logo”, diz o professor da Saint Paul Escola de Negócios, Maurício Godói.

Bem perto das mínimas históricas, por sua vez, as taxas de inadimplência totais para pessoas jurídicas alcançaram 2,5%, queda de 0,1 ponto percentual (p.p.) ante o mesmo mês de 2018 (2,4%). Já as taxas de juros para o crédito corporativo ficaram em 15,1% ao ano (a.a.), redução de 0,8p.p. na mesma relação (15,9% a.a.).

“Retomar o crescimento econômico é um dos pontos principais para que o mercado de crédito reaja. E só quando o País tiver reação no emprego e no consumo é que poderemos considerar ainda os fatores externos, que também influenciam a confiança e impactam o crescimento do setor de crédito no Brasil”, afirmou o diretor de instituições financeiras da Fitch Ratings para América Latina, Cláudio Gallina.

Em relação ao spread observado em julho, no entanto, houve um aumento de 0,5 p.p. em comparação ao mesmo mês de 2018, de 9,1 p.p. para 9,6 p.p.. Os prazos também mostraram redução de 19,7%, de 68,7 meses para 55,2 meses.

“Ver o avanço da economia até agora é importante”, pondera Godoi. “Os spreads não devem cair no curto prazo porque a condição de risco ainda está elevada, mas o prazo das operações deve dar uma esticada, principalmente em um cenário onde o Banco Central está aumentando algumas estratégias de liquidez financeira, como a liberação do FGTS, por exemplo”, acrescenta.

Em questão das linhas que devem apresentar maior crescimento ao longo dos próximos meses, o especialista reitera as modalidades com garantias reais e operacionais. “Devemos também ter uma redução nas concessões de capital de giro e cheque especial, que acabam sendo mais arriscadas”, conclui Godoi.

Revisão para baixo

A retomada ainda moderada da economia, somada aos altos níveis de desemprego, de endividamento e de comprometimento da renda também acabaram limitando as projeções de crescimento do mercado de crédito para este ano.

A Fitch Ratings – por exemplo – revisou suas projeções do setor para baixo, de um aumento de 11% para uma alta de 7,2%. Até agora, o segmento alcançou avanço de 5,3%.

De acordo com o diretor da instituição, Claudio Gallina, as expectativas são de que mesmo com as medidas para incentivo da economia por parte do governo, o segundo semestre deste ano não demonstrará uma “volta mais intensa”.

“Outro fator que acaba influenciando é que a demanda ainda não voltou. Além disso, a reforma da Previdência, que seria um dos fatores que poderiam beneficiar, já foi muito ventilada”, disse o especialista.

Para França, é preciso que haja maior estabilidade. “O crescimento mais significativo deve vir mais a médio prazo. Ainda há espaço para os juros caírem na ponta, mas pouco. Agora, é preciso retomar consumo e produção”, completa.

Fonte: https://www.dci.com.br/economia/credito-para-pequenas-empresas-alcanca-maior-patamar-em-dois-anos-1.832978